domingo, 19 de dezembro de 2010

A Interferência do destino... por Martha Medeiros

Meninas,

Eu adoro os textos da Martha Medeiros, a coluna dela na Revista O Globo, de hoje, está maravilhosa. Decidi compartilhar com vocês... super real, atual, enfim encarei como uma carta direcionada a mim. Espero que gostem!

A interferência do destino

Nunca as pessoas procuraram tantas fórmulas para buscar serenidade e compreensão diante dos dilemas emocionais da vida. Muitos fazem terapia, outros se apoiam em medicamentos, há os que consomem literatura filosófica, psicanalítica ou de autoajuda, há quem busque respostas na astrologia, os que se consolam na religião, mas ainda que tudo isso (ou algo disso) ajude a lidar com os questionamentos que nos pertubam, nada parece convincente o bastante. Alguém consegue ter 100% de certeza sobre as escolhas que deve fazer? Vai ou fica? Arrisca ou espera? Aceita ou recusa? Todos os dias tomamos decisões, a maioria delas corriqueira, mas há momentos em que nos sentimos paralisados pela dúvida. O tão propagado autoconhecimento nos dá uma pista sobre o caminho a seguir, mas decidir é sempre tenso e desgastante. Nessas horas de extrema fragilidade é que a gente torce para que não seja preciso decidir nada: tudo o que se quer é que o destino interfira.
E ele interfere. Um telefone que toca, um email que chega, um convite que é feito, uma pessoa que nos é apresentada. Uma trivialidade qualquer pode dar a você as respostas que não tinha. Ou simplesmente aniquilar com suas perguntas, o que é ainda melhor. Tudo o que se espera do destino é que se assuma o comando por nós.
Exemplo: uma amiga estava tentada a ceder às investidas do ex-marido, mesmo sabendo que a relação dos dois não tinha mais combustível. Ainda sentia algo por ele, mas temia sofrer tudo o que já havia sofrido antes. Ainda sim, pensava: por que não dar outra chance? Por outro lado, vale a pena percorrer o mesmo caminho já trilhado? Enquanto se consumia entre o medo de voltar para um amor insatisfatório e o medo de perdê-lo para sempre, o destino resolveu o caso: ao entrar no elevador pela manhã, ela encontrou um moço que estava perdido, sem saber em que andar descer para visitar um amigo. Dias depois recebeu um email desse mesmo moço e o resto da história fica a critério de cada um.
Outro exemplo: um homem havia recebido uma proposta para trabalhar em São Paulo, mas isso significaria ter que deixar a mulher e a filha em Porto Alegre, já que a carreira bem sucedida dela impedia de acompanhá-lo. Ele, por sua vez, estava ganhando mal, sentindo-se desprestigiado no emprego, e a nova oferta de emprego solucionaria essa questão, mas não tinha vontade de ir sozinho para uma cidade onde não conhecia ninguém. Fosse qual fosse a decisão tomada, haveria um custo emocional. Foi passar um feriado no Uruguai para espairecer e pensar melhor, ganhou uma bolada no cassino e investiu o dinheiro numa pequena sociedade com um ex-colega da faculdade, alterando completamente seu rumo profissional, sem precisar se mudar.
Vai ou fica? Arrisca ou espera? Aceita ou recusa? Que o destino, de vez em quando, decida por nós. A gente merece uma trégua.

3 comentários:

  1. Excelente texto!
    Perfeito!
    Temos que arriscar! Não podemos ter medo do novo...
    Bjss
    Dani

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  2. Há momentos na vida que devemos relaxar um pouco e deixar o destino agir. Sabe aquela que Deus escreve certo por linhas tortas? Uma hora o que esperamos acaba acontecendo...Só não dá para sentar e esperar cair do céu!!! Adorei o texto Chris.
    Bjins Renata Lima

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  3. Oi, Dani!

    Temos que arriscar mesmo, só não consegue quem não tenta, né?! A Martha Medeiros, tem textos absurdamente verdadeiros...

    Oi, Renata,

    Super concordo, não dá pra esperar cair do céu, mas se ficarmos atentas as pistas que a vida nos dá, fica tão mais simples...

    Bjos
    Chris

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